Alcindo Moreira Filho

Alcindo Moreira Filho, nascido em Caconde-São Paulo, em 1950, graduado em Artes Plásticas desde 1975. Professor Livre Docente com Doutorado e Mestrado em Artes pela Universidade de São Paulo – USP. Ministrando a disciplina Pintura no Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP. Frequentou escolas e ateliers na Espanha, Inglaterra e Itália. Participação em vários salões com prêmios. Realizou várias exposições nacionais e internacionais. Vem desenvolvendo intensa pesquisa no campo da arte contemporânea.

EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS:

1973 - Galeria Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas, SP; – Galeria Aliança Francesa – Campinas, SP
1975 - Galeria Um, Meia, Sete – São Paulo, SP – Galeria Associação Médica de Santos, SP; – Galeria W. Thompson – São Paulo, SP
1978 - Galeria Múltipla – São Paulo, SP;- Galeria Casa do Brasil – Madri, Espanha
1979 - Galeria Associação Médica de Santos, SP; – Galeria Cristina Faria de Paula – São Paulo, SP
1980 - Galeria do Sol – São José dos Campos, SP;- Galeria Múltipla – São Paulo, SP
1981 - GalleryBrazilian American Cultural Institute – Washington, EUA
- Espaço Cultural da Universidade de DELAWARE – NEWARK, EUA
- Museu Zoroastro Artiaga – FUNARTE MEC – Goiânia, GO
1982 - Espaço Cultural do Instituto de Artes – UNESP – São Paulo, SP-; Exposição no MAC, SP
1983 – Galeria Sol – São José dos Campos, SP
1984 - Galeria de Ponto Arte São Carlos, SP- Setor Cultural – UFSC, SP
1987 - Sadalla Galeria de Arte – São Paulo, SP
1990 - Galeria Entreartes, Sindicato do Comércio Varejista, São José dos Campos, SP
1992 - Galeria Henfil, Prefeitura Municipal de SBC, SP;- Instituto de Artes – UNESP, Exposição de Professores
- “Apropriação de uma imagem…”, MAC USP, São Paulo, SP (exp. Doutorado)
- Apropriação de uma Imagem do Século XIX em Processos Fotocromáticos, MAC USP, São Paulo, SP
1993 - Sala Especial – Instalação IV Bienal de Santos, Santos, SP; – IV Bienal Nacional de Santos, Sala Especial ,SP
1994 - “Café”, MAM, São Paulo, SP
- Espaço Cultural Teuto, Escola de Alemão Teuto, São Paulo, SP
- Instituto Cultural Itaú, Galeria de Arte Itaú, Campinas
- Galeria de Arte Karin Kupffer, São Paulo, SP
1995 - Galeria de Arte do Teatro Municipal, Varginha, MG; – Museu de Arte Contemporânea da USP, SP ;- Museu de Arte de Santa Catarina, Florianópolis – SC ; – V Bienal de Santos – Solo Especial, Santos, SP
1996 - Viva Brasil – MAC-Chile, Santiago do Chile
1997 - Artista Brasileños Contemporâneos- Cochabamba y La Paz, Bolívia
- Artista Brasileños Contemporâneos- Quito, Equador
2009 - Galeria do Instituto de Artes – UNESP, Exposição Panorâmica 1972-2009
2012 - Projeto Parede – Museu Brasileiro da Escultura –MUBE, São Paulo, SP

PRÊMIOS:

1972 - IV Salão do Artista Jovem – Museu de Arte Contemporânea de Campinas MACC, SP
1975 - VI Salão Paulista de Arte Contemporânea MAC, SP
- III Salão de Arte Jovem de Santos – CCBEEUU, SP
1977 – XVI Prêmio Internacional de Dibuix, Espanha
1979 - XXXVI Salão Paranaense de Arte Contemporânea – Curitiba, PR
1980 - II Mostra de Desenho Brasileiro – Curitiba, PR
1983 - V Bienal Internacional de Maldonado, Uruguai
1984 - Panorama Arte Sobre Papel – Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM, SP
1986 - Panorama de Arte Atual Brasileira – Pintura – Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM, SP
1990 - Prêmio Viagem ao Japão no VI Salão de Arte Brasileira – Fundação MokitiOkada, SP
- Prêmio Aquisição para Acervo no I Salão de Arte Contemporânea de São Bernardo do Campo, SP
1995 - Prêmio da Associação Paulista de Crítico de Arte – APCA pela participação na V Bienal de Santos
2003 – XXXII Salão Bunkyo ,São Paulo ,SP
2004 – Bienal de Gravura de Santo André, Santo André, SP

“As vozes do objeto: o Colecionismo Imaginativo de Alcindo Moreira”

(…)
Quem o conhece pessoalmente testemunha a diversidade de suas habilidades criativas e seu entusiasmo perante os mais variados tipos de objetos: de antiguidades e formas de Artemisa popular até mesmo a objetos comuns. A montagem de sua Exposição Panorâmica na Universidade Estadual Paulista levou-nos à percepção de grande unidade na sua produção. Por exemplo: um conjunto de duas obras de 2006. Foi separado para combinar-se com pinturas dos anos 80 e uma colagem de 1975.
Alcindo Moreira tem uma relação toda própria com o mundo dos objetos, e essa relação de observação acurada e afeto torna-se capaz de revelar a nossos olhos desavisados aspectos que escapam à nossa (des)atenção, porque transcendem a mera fisicalidade. (…)
Alcindo busca revelar a alma dos objetos, não se apropriar deles conforme os vemos, como nos ready-mades de Duchamp que, desfuncionalizando-os e alterando-lhes o contexto (do banheiro público ao museu como no caso do célebre mictório), dessemamizava-o para ressignificá-los, tornando-os “interpretáveis” e, portanto, plurissignificantes; ou como Andy Warhol, que lhes rouba a aparência para produzir simulacros (série das caixas de alimentos industrializados), ressaltando a arte como representação. Ele ouve a voz dos objetos e encontra-lhes seu melhor, sua essência através da substância. Sim, nesse processo de colecionador, dialoga com eles, como reminiscências que são de épocas distantes das quais sente o espírito e tem saudades, mesmo sem tê-las vivido. Desse diálogo vem a plurissignificação do objeto em forma de polifonia. A memória é o verdadeiro material com que o artista trabalha, mas uma memória desistoricizada. O tempo não é real, cronológico, porém totalmente subjetivo: afeto coisificado. (…)
[Em mais de quarenta anos de carreira, expressa-se com originalidade e maestria na pintura (materista, quase sempre), no desenho e na gravura, como também nos objetos, esculturas e instalações, sempre com uma paleta de sofisticados tons terrosos, ouros e cobres em contraste com a composição em assemblages, dialogando simultaneamente com AntoniTápies e Kurt Schwitters.] As formas sempre são belas, nunca exuberantes, mas discretas, contidas, reflexivas para deixar fluir o timbre dos materiais: sonoridades diversas combinadas parcimoniosamente, com grande domínio técnico, mas sem as volutas de um virtuosismo exibicionista. A obra de Alcindo requer atenção, é feita para ser contemplada e não para expressar algum discurso ideológico ou metalinguístico, tão em moda numa época em que a experiência do prazer estético está fora de contexto, beleza e transcendência são palavras banidas do vocabulário crítico, mesmo porque realidades expulsas das obras da maioria de nossos contemporâneos: persecutores do “estranhamento”, que entendem como simples estranheza por desconhecer a amplitude do conceito de Chklóvski, ou talvez o próprio formalista russo.
Qualidade técnica é importante não só para o artista, mas também para o professor, que critica a pressa e, muitas vezes, irresponsabilidade de jovens artistas que confundem pouco conhecimento dos materiais (na verdade, falta de pesquisas e método) com experimentalismo; pouco domínio dos meios expressivos (falta do exercício que gera habilidade) com liberdade criativa; paráfrase (ingenuidade teórica) com releitura. Alcindo Moreira sabe e busca transmitir a seus alunos que trabalho produz competência. Acrescento: o talento (que lhe sobra) é indispensável. Leia o pensamento de Machado de Assis a respeito, no conto “Cantiga de Esponsais”, e veja que ele também acredita nisso.
 
Rogério Prestes de Prestes – ABCA/SP
Arte Brasil – Jornal da Associação Brasileira dos Críticos de Arte – Nº 22 – Novembro de 2009