Valdir Rocha

SÍNTESE DE CURRÍCULO
 
Valdir Rocha é pintor, desenhista, escultor e gravador, com dedicação às artes plásticas desde 1967. Como artista plástico, seria aquilo que se costuma chamar autodidata, ainda que não aceite tranquilamente esse rótulo, porque, atualmente, todas as pessoas que têm acesso pleno às informações podem aprender com todo mundo. Formou-se em Direito, pela Faculdade de Direito da USP, por onde também obteve os títulos de Doutor e Livre-Docente. Deixou a carreira acadêmica para se dedicar exclusivamente a atividades editoriais e artísticas – com essa dedicação bifrontal, põe a cabeça nas nuvens e os pés em terra firme.
 
Parte expressiva de sua obra está reunida nos seguintes livros: Cabeças. São Paulo: Arte Aplicada, 2002; Confidências (desenhos e pinturas sobre papel impresso), São Paulo: Pantemporâneo, 2013; Gravuras em Metal. São Paulo: Artemeios, 2002; Intimidades Transvistas (pinturas). São Paulo: Escrituras, 1996 (volume com a participação dos seguintes poetas: Alonso Alvarez, Christiane Tricerri, Cristina Bastos, Eunice Arruda, Gonzaga Leão, Hamilton Faria, Helena Armond, Ives Gandra, Jorge Mautner, Marola Omartem, Neide Arcanjo, Nilson Machado, Olga Savary, Pedro Garcia, Raimundo Gadelha, Raquel Naveira, Renata Pallottini, Renato Gonda, Thereza Motta e Wilson Pereira, com apresentação de Aguinaldo Gonçalves); Mentiras, Verdades-meias e Casos Veros (desenhos, pinturas, esculturas e textos diversos). São Paulo: Escrituras, 1994; SÓS (desenhos e pinturas sobre papel impressO), São Paulo: Pantemporâneo, 2010; Títeres de Ninguém. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2005; e Xilogravuras. São Paulo, Escrituras, 2001.
 
A obra de Valdir Rocha é objeto de diversas monografias, como as seguintes: A Escultura de Valdir Rocha, de Mirian de Carvalho, São Paulo: Escrituras, 2004; O Desenho de Valdir Rocha, de Péricles Prade, São Paulo: Escrituras, 2004; e a A Torre de Babel de Valdir Rocha, São Paulo: Escrituras, 2007.
 
Em 2012, foi publicado o livro Só sobre SÓS,de Valdir Rocha coordenado por Péricles Prade, pela editora Letras Contemporâneas, de Florianópolis-SC, com 17 textos de Álvaro Cardoso Gomes, André Carneiro, Carlos Perktold, Claudio Willer, Guilherme de Faria, João de Jesus Paes Loureiro, Jorge Anthonio e Silva, José Neistein, Marcelo Grassmann, Mirian de Carvalho, Nelson Screnci, Oscar D’Ambrosio, Paulo Cheida Sans, Péricles Prade e Sandra Makowiecky, todos com ensaios e depoimentos em torno do livro SÓS.
 
Tem dirigido alguns documentários em vídeo, como os seguintes: Arthur Bispo do Rosário: Organizador do Caos, gravado durante a 30ª Bienal de São Paulo, com depoimentos de Antonio Carlos Abdalla, Antonio Zago, Célia Musilli, Claudio Willer, Ferreira Gullar, Jorge Anthonio e Silva, José Henrique Fabre Rolim, Juliana Motta, Marta Dantas, Omar Fernandes Aly, Oscar D’Ambrosio, Ricardo Viveiros e Valdir Rocha; e O Imaginário de Wega Nery, com depoimentos de Carlos Soulié do Amaral, Jacob Klintowitz, Milu Molfi, Olívio Tavares de Araújo, Raul Forbes, Ricardo Viveiros, Roberto Duailibi, Silvia Duailibi e Tão Gomes Pinto.
 
Realizou exposições individuais e participou de algumas coletivas.
 
TEXTOS CRÍTICOS
 
Péricles Prade assinala que a concepção de suas obras
“se funda numa vocação antropocêntrica, sendo evidente na maioria das representações da forma humana, ou, no mínimo, comparece com palpável insinuação de corporeidade dessa estrutura”.
 
Jorge Anthonio e Silva aponta que
“Valdir Rocha é um transgressor de reentrâncias insondáveis, um criador de negros aveludados de aranhas, um lírico poeta de nostálgicos meios tons, de ranhuras sonoras e de uma saudade cruel de tudo o que um dia poderá ser.”
 
Carlos Soulié do Amaral aponta traço urbano na obra do artista:
“Séria, profunda e densa, a caligrafia de Valdir Rocha parece emergir da fuligem que impregna o ar, as ruas, as calçadas e as paredes das metrópoles onde a vida trepida impregnada dos gases e fumaças que conspurcam tudo.” E acrescenta que “Valdir Rocha descobriu e encontrou sua arte e a si próprio na prática da ação; na luta de buscar, experimentar, fazer e refazer, construir e destruir até alcançar a forma e a expressão condizente com o que quer transmitir.”
 
Osmar Pisani assinala que
“A obra de Valdir Rocha define-se por um inquietante estranhamento, que antecipa a insólita visão facial, no limiar do inefável. Sente-se, no ritual de percepção estética do artista, a memória primordial do mundo, como um perpétuo movimento em torno do pavor ancestral, do medo, da destruição, do sublime, do imutável.”
 
Para Mirian de Carvalho,
“No trabalho de Valdir Rocha, o estranhamento se inicia pelo motivo apreendido como fragmento. Na quase totalidade dos trabalhos, o artista esculpe, desenha, pinta e grava Cabeças. Arquétipo e centro de sentidos do ser, as Cabeças integram uma plêiade de fisionomias reveladoras de sentimentos, paixões e atos próprios dos humanos. A partir dessa matriz simbólica, Valdir Rocha reúne um rebanho de seres diversos e aparentados. Figuras míticas. Animais. Objetos. Vegetais. Fenômenos da natureza. Seres Humanos.”
 
Segundo Carlos Perktold,
“expõe seu humanismo nos trabalhos figurativos, embalados em seres com olhares de ternura ou de perplexidade ou ainda de tristeza, alegria e desconfiança, como convém a todo ser humano.”
 
Sandra Makowiecky reflete:
“Não é preciso conhecer toda a obra de Valdir para que o assombro nos assole (…). Obras que surpreendem por sua magnitude e surpreendem pelo inaudito. Ao percorrer esses seres de Valdir em grupos que nos encaram, seres misteriosos em tribunais de inquisição a nos perscrutar, surge a sensação de presenciarmos narrativas encenadas em uma dramaturgia insólita e de sua relação com o contexto do observador como uma ferramenta para destruir, investigar e reconstruir.”