Luiz Ventura

Luiz Ventura, ficcionista, pintor, desenhista, gravador e mosaicista. Nasceu em São Paulo, onde se iniciou na profissão de artista plástico aos 17 anos como auxiliar de cenografia no Teatro Brasileiro de Comédia.
Vem defendendo postura independente em relação a tendências importadas dos convencionais centros internacionais de arte, por considerá-los difusores do colonialismo cultural, um obstáculo aos movimentos autônomos e realmente criadores.
Acredita na força autônoma e na excelência da arte brasileira
Reside no Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
 
Conceitos de Luiz Ventura:
 
” Seguindo Mário de Andrade vamos entrar de novo na intimidade dos nossos costumes, penetrar na nossa geografia, na alma da nossa gente, estudar e refletir melhor a nossa história. Isso permitirá lutar mais eficientemente por nossa independência cultural, apoio indispensável à independência econômica e política de nosso país”.
 
“A Bienal de São Paulo é um enclave colonialista que vem se prestando a fazer o trabalho sujo contra a Cultura e a Arte, promovendo a alienação e o emburrecimento geral irreversível. Foi criada através de acordo entre empresário brasileiro e Nelson Rockfeller para combater o comunismo, usando do expressionismo abstrato no combate ao realismo socialista. De roldão passou a combater também o realismo social, o muralismo e todas as correntes voltadas para a identidade nacional.
A Bienal foi a introdutora do expressionismo abstrato no Brasil, corrente artística onde a CIA empregou milhões de dólares em sua difusão e na promoção do pintor norte-americano Jackson Pollock, 1912-1956, carro chefe dessa corrente”.
 
“Arte é Cultura, é interpretação artística da realidade, não é espetáculo de passa tempo para entreter pessoas ociosas enfastiadas, nem peça decorativa a combinar com o sofá da sala.
Arte, repito, é Cultura, é criação de um povo, não é mercadoria a disputar preço em balcão de negócios”.
 
CRÍTICAS
 
” … A preferência de Luiz é pelas formas conhecidas das pessoas e dos entornos ambientais. Convenhamos que a produção desse artista, tem explícito, um conteúdo de crítica social. Para encaminhar o seu discurso plástico/político, ele faz uma pintura com os tons e as gamas absorvidos do cromatismo usado, popularizado, anônimo, massivo, da sociedade. Ele não aprecia a pintura cult ou cool. Há áreas em que as cores de seus quadros são doces, como o colorido de algodão-doce e dos doces coloridos, vendidos nas barracas das periferias. Difundiu-se no meio da ‘elite artística’ que a pintura deve ser mínimal, tratando de mínimos assuntos e de mínimas cores. Luiz, entretanto, assunta a vida que está ao seu redor, transplanta-a para o quadro. As lânguidas cores, quentes e as figuras de todas as gentes ocupam galhardamente as suas composições”.
Radha Abramo
ABRAMO, RADHA.: VENTURA, Luiz. A Ventura em ser Brasil. São Paulo: Paço das Artes, 1993.
 
“Ventura faz parte da vigorosa linha de artistas que entende ser o projeto brasileiro de nação a busca de uma forma econômica, política e artística própria. Nunca se deixou levar pelo comodismo do modismo que ora elege a abstração, o concretismo, a arte conceitual ou as mais recentes importações como o video-tape e a mail-art. E não é à toa que seu trabalho reflete a descoberta do Brasil que não cessa de Cabral para cá. É o herdeiro e o continuador consciente da maneira de ver de Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Portinari.
Sua pintura, absorvendo as categorias de cavaleiro andante e eremita, expressa um universalismo temático e uma forma nacional. Fala dos sonhos líricos do Homem e da contingência sombria e esperançosa que habita a alma de nossa gente. Acredito que Ventura seja um exemplo de coerência. Não teme ser brasileiro”.
 
Bráulio Pedroso
 
PEDROSO, Bráulio: VENTURA, Luiz – Cavaleiro andante e eremita. Brasil, São Paulo: Marques Galeria, 1982
 
“Salões, Bienais, nunca significaram muito para Ventura, aplicado, como se poderá constatar, no ofício da pintura. Uma pintura de elevada qualidade, de onde não está ausente um certo sabor de nostalgia. Ele mesmo, envolvido pela temática do ambiente simples do interior, como do litoral do Rio, mostra-se consciente de que precisamos reconhecer nossas fontes pictóricas”.
 
Aracy Amaral
AMARAL, Aracy. In: VENTURA, Luiz. Luiz Ventura: o pintor da gente. São Paulo: Tema Arte Contemporânea, 1987. (Texto escrito originalmente em 1982].