Barbara Spanoudis

Exposições Individuais

1969 Galeria Astréia, São Paulo/SP
1978 Galeria Astréia, São Paulo/SP
1968 Galeria Espaço, São Paulo/SP
1981 Museu de Arte Contemporânea (MAC-USP), São Paulo/SP
1982 Associção de Médicos, Santos/SP
1983 Itaugaleria, São Paulo/SP
1983 Brazilian American Cultural Institute (BACI), Washington/EUA
1993 Museu Banespa, São Paulo/SP (com Agi Straus)
1994 Instituto Hans Staden, São Paulo/SP
1996 Bayer do Brasil, São Paulo/SP
1999 Livraria Cultura, São Paulo/SP
2001 Galeria de Arte A Hebraica, São Paulo/SP (com Agi Straus)
2008 Lordello&Gobbi Escritório de Arte, São Paulo/SP

Exposições Coletivas

1956 V Salão Paulista de Arte Moderna, São Paulo/SP
1966 XV Salão Paulista de Arte Moderna, São Paulo/SP (Medalha de Bronze)
1967 XVII Salão Paulista de Arte Moderna, São Paulo/SP (Medalha de Bronze)
1968 II Salão de Arte, São Caetano do Sul/SP
1978 Coleção Theon Spanudis, Centro de Artes Porto Seguro, São Paulo/SP
1979 Coleção Theon Spanoudis, Museu de Arte Contemporânea, São Paulo/SP
1981 II Salão Paulista de Artes Plásticas e Visuais, São Paulo/SP
1982 X Salão de Arte Contemporânea, Santo André/SP
1982 I Salão Paulista de Arte Contemporânea, São Paulo/SP
1982 Kouros Gallery, Nova York/EUA
1984 Kouros Gallery, Nova York/EUA
1984 Galeria de Arte América, La Paz/Bolívia
1987 Museu de Arte Contemporânea (MACA), Americana/SP
1991 Da Alemanha para o Brasil: Artistas que percorreram o caminho de Lasar Segall,
Museu de Arte Contemporânea (MACUSP), São Paulo/SP
1993 Eram Brasileiros os que ficaram, Pinacoteca do Estado, São Paulo/SP
1994 Bandeiras: 60 artistas homenageiam os 60 anos da USP,
Museu de Arte Contemporânea (MAC-USP), São Paulo/SP
1996 Tendências Construtivas no acervo Museu de Arte Contemporânea
(MAC-USP), Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro/RJ
1996 Bandeiras, Galeria de Arte do Sesi, São Paulo/SP
1996 Mulheres Artistas no acervo, Museu de Arte Contemporânea, São Paulo/SP
1998 4 Visões da Criação, Pinacoteca Benedicto Calixto, Santos/SP
1999 Subterrâneos, Cultura Inglesa, São Paulo/SP
2000 Os Dez Mandamentos, Espaço Cultural Banespa-Paulista, São Paulo/SP
2001 Meninos do Brasil: crianças vitimizadas, Espaço de Artes Unicid, São Paulo/SP
A partir de 1993, participou de várias exposições organizadas pela Associação Paulista de Artistas Plásticos (APAP) e pela Associação Brasileira de Artistas Plásticos da Colagem (ABAPC).
Tridimensionalidade conquistada
Nascida na Alemanha, porém brasileira pela vivência, Bárbara Schubert Spanoudis deve ser vista como uma artista de exceção. Há anos trabalha na direção de uma obra que vai ganhando, gradativa e coerentemente, relevo e tridimensionalidade. Pintora de formação sólida – adquirida em alguns anos de estudo na Alemanha, na Academia de Dusseldorf, com Macketanz, e no Brasil, com Ernesto Klasing, Yolanda Mohaly e João Fahrion – é uma representante daquilo que poderíamos chamar de “Geração do Construtivismo dos anos 1960”, atuante e grandemente influenciada pelo Abstracionismo Geométrico e pelo Concretismo. Sua proximidade com o cunhado, o crítico Theón Spanudis, reservou-lhe um lugar de muita originalidade no cenário das artes visuais do Brasil.
A partir dos anos 1970 seus trabalhos caminham do plano em direção ao tridimensional, não sem antes deixar de passar pelo relevo. É uma evolução certeira. A artista iniciou sua trajetória com a pintura de retratos mas depois fixou-se num geometrismo livre, ainda plano, averso a determinada Escola, mas de bom cunho. Do geometrismo na pintura enveredou para o relevo, com formas sobrepostas, em cores equilibradas e discretas. A partir de então, essas formas geométricas sofreram uma espécie de alongamento e se reorganizaram numa fase das folhas, referência às florações tropicais, que talvez prove um fascínio inconsciente de Bárbara pela nossa flora densa e rica, que tanto encantou os artistas viajantes do Brasil. Esses relevos acabaram por se acomodar em caixas, como se se pretendesse aprisionar esse geometrismo floral, já preparando o salto que estava por vir – essas sobreposições geométricas abandonaram a parede e chegaram à tridimensionalidade, como esculturas em madeira, de contornos dificilmente identificáveis em outros artistas. Aqui reside a maturidade de sua obra.
Bárbara utiliza pedaços de madeira de formatos escolhidos e supreendentes e constrói esculturas a partir da colagem dessas peças, lixadas e vivamente coloridas com inúmeras camadas de veladuras. Desde os relevos, Bárbara criou um efeito muito próprio, que chamou de luzes – que reforçam o claro-escuro e criam, propositalmente, um jogo de sombras e interpenetrações de grande impacto, presentes também como uma marca nas esculturas atuais.
Mas as características especiais desta obra de exceção não param aí. Além das formas surpreendentes adquiridas por suas esculturas, Bárbara segue bem na contramão das tendências previsíveis de hoje e exerce seu incontrolável fascínio pela cor. Convivemos hoje quase que com uma verdadeira ditadura da monocromia, inconsciente e injustamente relegamos as cores ao segmento do mau gosto. Olhando para as civilizações do passado – da egípcia à grega, da romana à bizantina, do Românico à Idade Média – vemos que as cores estavam sempre fortemente presentes, em vibrações intensas e sem pudores. Ali estavam os grandes templos, pagãos ou cristãos, intensamente coloridos. O que vemos hoje deles é o resultado de séculos de degastes, descuidos e de um verdadeiro mutirão pela monocromia, resultado de teses e ações a partir do Renascimento, e culminando com a regra mais do que limitadora contemporânea do “menos é mais”, propagada à exaustão. Chegamos ao exagero numa verdadeira rejeição injustificada às cores, reflexo de outras maneiras de manipulações ideológicas. Enfim, a artista vai, feliz e literalmente, contra essa corrente.
Por ocasião de uma exposição na Pinacoteca Benedicto Calixto, de Santos, em que pela primeira vez mostrava um conjunto de suas obras desses recentes períodos, o crítico Alvaro Machado fez uma observação que merece ser reproduzida aqui: “Sua floresta lúdica (…), de chamas sinuosas frias, tende a provocar a imediata empatia do espectador, que se sente tentado à experiência táctil dos objetos e mesmo dos relevos posicionados nas paredes. A pesquisa e reciclagem de materiais sugere desdobramentos imprevisíveis e o progresso de uma linguagem, da qual conhecemos ainda apenas os passos inaugurais”*. Hoje podemos comprovar que o caminho traçado trouxe resultados realmente surpreendentes, revelando uma artista fortemente empenhada em assumir todos os riscos e prazeres de seu ofício de viver.
Antonio Carlos Abdalla
curador
São Paulo, março de 2008
* Álvaro Machado, A Tribuna de Santos, A Tribuna, Santos/SP, 18/09/98
Fortuna Crítica
(…) “Nesta onda e avalanche de supostas propostas, experimentações e originalidade a qualquer custo, em geral tão magras e ridículas, que vivenciamos em nosso tempo, é muito confortante encontrar uma artista séria, fiel e tenaz em seu caminho. Evidentemente existem outros artistas sérios , mas não tantos nesta loucura generalizada de pesquisas e novidades perpétuas que dominam o mundo artístico da atualidade”.
Theón Spanudis. São Paulo, 1978.
(…) “As montagens de BSS são racionais, envolvendo equilibradas formas retas e côncavas. Alegres ou apagadas cores dão um visual quase sempre atraente às obras, todas à base de alumínio recortado. Assim, a composição geometrizante surge como autênticas formas em relevo. A artista persegue essa linha há vários anos e os trabalhos de fases anteriores, (…), provam a seriedade com que ela busca situar-se, e bem, na difícil área do construtivismo”.
Ivo Zanini. São Paulo, 1981.
(…) “Bárbara é uma profusão de cores e economia de material. Quase pintura recortada. Ela projeta a idéia, faz os recortes, pintando-os posteriormente, em separado. Só então ela cola, harmonizando quente/frio e claro/escuro. É, portanto, o processo que dá à sua colagem o aspecto de objeto escamado”. (…)
Antonio Zago. São Paulo, 1983.
(…) “A arte de BSS amadureceu ao longo de muitos anos de trabalho árduo, incessante, marcado por fortes intuições básicas, séria reflexão e obstinadas pesquisas”. (…)
José Neistein. Washington/EUA, 1991.
(…) “Os atuais quadros de BSS acabam por nos dizer respeito, pois são a materialização plástica de sonhos, enigmas, marés subcutâneas – compromisso com o Incerto, figurativismo do Invisível”. (…)
Fernando Klabin. São Paulo, 1993.
(…) “Bárbara se destaca pela sua absoluta discrição, silêncio e isolamento, seu indisfarçável desprezo do modismo e dos ditos “movimentos”. É notável sua convicção e coerência absolutamente invejáveis, e sua fidelidade ao compromisso de uma vida e uma arte indissolúveis”.
Fayvel Hochman. Ilha de Santa Catarina, 1999.
 
(…) “Claramente adepta do Construtivismo, seus trabalhos iniciais são de grande rigor, onde as cores ainda aparecem timidamente. A policromia começa a libertar—se a partir de suas colagens planas e “caixas”, e se consolida em suas esculturas-balanços, nas explosões-florais ou nos tótens-torres, onde tudo vibra de forma frenética (…)”.
Antonio Carlos Abdalla. São Paulo, 2001.